08 janeiro, 2005

ARMANI

Ontem tive minha primeira experiência Armani. Tive que passar no Emporio Armani (irmã mais pobre do Giorgio Armani) por causa do trabalho. Não estava mal vestida para os padrões Jardins, mas talvez para os vendedores Armani eu estivesse. Tempos atrás, me sentiria intimidada pela situação, hoje em dia não dou muita bola. Tenho que confessar, no entanto, que aquele predinho de construção minimalista causa um impacto para quem entra. Acho que o cliente Armani quer isso mesmo, se sentir num lugar diferente, não popular, afinal, passa a idéia de exclusividade (falsa, mais passa, uma vez que as peças adquiridas na loja pode ser encontrada em diversos países).
O dia estava baking hot, agravado pelo mormaço. Eu trajava uma bermuda jeans larga e uma sobreposição de blusinhas de alcinha. Bolsa de palha a tiracolo e sandálias de dedo, essas que todo mundo está usando. Portanto, estava adequadamente vestida, considerando a temperatura local. Ao atravessar as portas automáticas de vidro, que são margeadas por seguranças que ficam guardando caixão, me deparei com um outro clima (país?). A temperatura devia estar por volta de 18 graus e os habitantes locais trajavam roupas pretas. Mulheres vestiam calça preta e tricot com gola alta. Homens vestiam calças bem cortadas, camisa e sapatos brilhantes e adivinhem? Pretos. Apesar de todos os livros, revistas e consultoras de moda pregarem o preto como cor elegante, na Armani tive a constatação que isso não se aplicava a todas pessoas. Mais uma vez, tive a confirmação de que o estilo, a elegância vem de dentro da pessoa. Não se trata de abobrinha ou futilidade, mas elegância não é adquirida vestindo roupas pretas. Enfim... as mulheres usavam uma maquiagem indescritível, tentando ser minimalista, mas beirando o brega. Os homens se sentiam elegantes com o cabelo a la Ricardinho Mansur. A queda de temperatura somada a vestimenta dos habitantes desse cubo de mármore bege fez com que eu me sentisse literalmente pelada. Tive a impressão de que quanto mais o seu corpo estivesse coberto por roupas pretas, mais elegantem rica e chique vc era. Ao entrar, sentia as pessoas me olhando. Confesso que verifiquei se as minhas unhas do pé estavam feitas e estavam. Subi para conferir as roupas da loja que eram basicamente pretas, brancas, cinza e no máximo vinho ou roxo, seguida, é claro, por um vendedor metido. Me portei da mesma forma que agiria em qq loja. Em seguida fui na parte que indicava SALE, como qq pessoa normal e com a conta bancária que eu tenho agiria. Me interessei por uma camisa jeans e procurei pela etiqueta. Preço: R$ 750,00. Acoplada a esta etiqueta, havia uam outra que indicava que peças em promoção não poderiam ser trocadas. Evidentemente como aquela que eu até havia retirado da arara e rapidamente a recoloquei em seu devido lugar. Tudo isso fiscalizada por uma vendedora. Desci as escadas de placas de vidro jateadas com vontade de voltar ao meu mundo real (ao do mormaço). Fui escoltada até a porta automática por uma vendedora que durante o meu trajeto de reconhecimento da loja trocou apenas algumas palavras. Ao sair me deparei com uma incrível chuva. As portas se abriram, o bafo da rua bateu na minha cara e vi pessoas com roupas leves e não-pretas. Um dos seguranças, então, se mobilizou, e me ofereceu uma carona de guarda-chuva até o carro. No carro refleti sobre o que havia ocorrido. Era muito difícil entender como em alguns minutos as coisas mudam. Como em um lugar posso estar bem-vestida e em outro posso estar mulambenta. O mais engraçado é a irrealidade que a Armani (poderia ser qq outra: Versace, Chanel, ...) apresenta. País tropical (em pleno verão) e vendedores de ternos pretos? Meio engraçada esta história. Será que não existe verossimilhança?

Um comentário:

Guisun disse...

Eu acho que isso depende da cultura do local onde a loja esta localizada. Minha impressao e que a marca Armani e considerada "chic" no Brasil, portanto os vendedores tem uma atitude esnobe. Aqui nos EUA, a marca Armani, especialmente Emporio e Exchange e considera "barateira". Por isso nao costuma ter essa atitude aqui. Aqui voce sempre pode reclamar com a gerencia.